terça-feira, 18 de novembro de 2008

Que não precise arder tanto


Ingredientes bem dosados fundam as receitas.
Eu leio e desobedeço
Vou misturando o que a língua aprova
E aquilo que me permite gemer
Na ponta do dedo.

Um risoto com um pouco de cada coisa.
O que é possível juntar?
Corto a cebola, espremo o alho e fico imaginando se uso ou não a pimenta.
Do reino, raiz forte, de cheiro, ou chili?
Que não precise arder tanto, com um pouco de cardamomo!

Escolho o negror do funghi, amarelado pelo curry, banhado pelo vermelho feito brasa do chili
Ai, ai!
Tomo nas mãos o arroz arbóreo
De grãos firmes e delineados um, a um, com perfeição
Deixo a água ferver banhada de azeite e sal.
E me entrego à delicadeza do ato de criar um gosto tão meu

Saboreio um gole de vinho rosé
E reparo
A voz quente de Nancy Sinatra traz condimentos de lembranças
Por que não?
Tomo a colher e levo à boca
Um tantinho do que ainda ferve.
E digo: hummmmmmmm! É bom.

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit thre ground
Bang bang, that awfuk sound
Ban bang, my baby shot me down


Sirvo-me do banquete
Uma porção atrás da outra é festa na minha boca
Cheguei até a pensar: acho que perdi tempo nesse negócio de sociologia
Só porque fui a cozinheira, devo ser modesta?

“He didn't take the time to lie.”

2 comentários:

  1. Degustei do teu banquete, das tuas palavras com sabor de vida bem temperada, sem receita padrão, com a originalidade única de quem se permite.
    Tua alquimia inspira olhares, toques e sentimentos.
    Não, mulher linda, não precisa ser modesta.
    Você pode tudo.

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  2. Ai que delícia!!! Já fico imaginando você fazendo esse prato maravilhoso, colocando misturas de temperos,vários ingredientes misturados com seu eterno amor pela vida, com sua leveza que mais parece uma pluma,com sua simplicidade e simpatia, com sua coragem de enfrentar os desafios. Enfim é com toda essa mistura que eu me farto, que eu me nutro a cada dia e agradeço por fazer parte desse eterno banquete.

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Ventanias