segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Rio, eu gosto de você!

Foto: Glória


“Minha alma canta” e o meu corpo sabe quando vai chegando ao Rio. Os momentos que antecedem esse reencontro são semelhantes à tensão do desejo do abraço de um amante amoroso que resiste ao tempo e a distância. “Um lugar para fazer feliz a quem se ama”. O Rio sabe de mim e eu me entrego a essa intimidade. Quem for só um pouquinho observador, vai reparar no mais rápido lance de visão: meus olhos tornam-se espelhos, meu corpo acende uma curiosa vontade de misturar-se à paisagem e de se entregar às correntezas de um “rio que (nunca) passa em minha vida”. Da janela da “São Francisco Xavier” podia, todos os dias, ver o “Redentor”! Esse Rio- imagem de uma beleza que escorrega, fricciona o corpo e ativa “a menina que vem e que passa”, despudoradamente.

Eu imagino, seria um perigo se eu morasse nessa cidade! Fazia sociologia nada, acho que seria dona de boteco, artista plástica ou mesmo dançarina de gafieira. Eita, bem melhor, nem teria que ser tão cuidadosa com as palavras, elas poderiam ritmar os sambas enredos das escolas nos dias de carnaval. Podia ainda ser “a mais bonita das cabrochas de uma ala”. Pra que melhor?

“Rio, você foi feito pra’ mim”, e não é conversa mole não. O radar do meu corpo sabe reconhecer os que se dissolvem na paisagem, os que beijam demorado, como quem tem sede. Assim me movo por seus aterros, baía e túneis. Um deslizamento mistura as imagens volumosas, das curvas tangenciando morros e montes com gestos e movimentos que me são tão familiares.Da última vez, ia distraída pela calçadão de Ipanema e, de repente, a vista turvou, lá vinha o Chico Buarque. “Olhos nos olhos” e eu sem saber o que fazia, ai, eu só gemi – ooooooooh! Chico. Ele riu, de mansinho, apressando o passo. Ali, me solto mesmo; fico faceira e nem tenho vergonha disso. “O apito da fábrica de tecidos vem ferir os meus ouvidos e eu me lembro de você”; a Vila Isabel e infância de minha mãe ao som do violão de um Noel Rosa magro e tímido nas calçadas. O ressoar dos tamborins do morro da Mangueira e os gritos de gol do Maracanã.

Perdão, essa semana os escritos ficarão jogados ao vento, literalmente. Durante o dia, nem pensar, o Congresso Mundial será rico e intenso; as noites na Lapa, os botecos em cada esquina, o vento da Barra me impedirão. Perdão mesmo vou saindo, agora, tô indo para o Rio de Janeiro, “morrendo de saudades”.

4 comentários:

  1. Rio... voce foi feito pra mim! Ai, Glória, que inveja! Minha segunda casa, grandes amigos, amo essa cidade. Tanta saudade! Aproveite muito... Traga um cheirinho dessa terra pra mim. Estou precisando. Bjosss...

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  2. eu sabia que a ranna ia comentar aqui! rs
    queria conhecer essa cidade,ó!
    mesmo,mesmo!

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  3. claro! texto PERFEITO... glória, esse foi demais. =)

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  4. Aproveita, aproveita, afinal, a vida é lembrada pela intensidade dos momentos...

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Ventanias