sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O vôo


(A poltrona de número vinte e cinco
Era exatamente aquela
Da saída de emergência
E eu a guardiã dessa passagem)

Logo eu que temo cotidianamente a minha própria insegurança.
E nem pressa tenho mais.
Como ser aquela
Que na hora H
Puxa a manivela?

Logo eu que troco as saídas
Pelas portas de entrada
Os banheiros femininos por masculinos
Os amores continentes
Por amores lançados ao vento?

Logo eu que na eminência de uma tragédia
Serei a primeira a duvidar da possibilidade
De abertura.
E produzirei travas e trincos
Adornados pelo medo da espera?

Logo eu que quando pressinto o perigo
Imagino o morrer
Uma aventura da passagem
Para além das portas
E dos avisos luminosos de apertar cintos?

Logo eu que navego
Em pleno ar
E decidi transpor os abismos invisíveis
Remover os anteparos da visão
Romper os lacres dos tesouros adiados
Logo eu?

Como posso dar segurança?

3 comentários:

  1. fazer de um vôo, um "simples" vôo, matéria de poesia, é pra poucos.
    é pra você,viu?
    beijos!
    ah! também adorei o texto anterior.
    "Bandeiristicamente" espirituoso! Amei!

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  2. Mas sem segurança é possível voar?
    mesmo que seja uma segurança ínfima... de pegar na mão e olhar nos olhos e dizer: eu estou contigo... nem que seja para morrermos juntos!!!!

    ;)

    Brigadão pela visita!!!

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  3. Glória,
    Muito obrigada pela visita!
    Retribuindo, vim visitar seu cantinho e hoje li "O vôo".
    Concordo plenamente contigo!
    Mas a vida vai nos mostrando em que pouso vamos ficar, mesmo que seja temporariamente!
    Fique bem!
    Beijos Tempestuosos!

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Ventanias