Eu ando desconfiada das palavras. Acho que elas me usam. Atropelam-me sem que muitas vezes eu sequer tenha ousado atravessar o curso do desejo. Quanto mais te quero, tergiverso, sem rima, nem misericórdia. Sento ao teu lado, teus olhos buscando os meus na nossa compactuada escuridão, o calor das tuas mãos em minha direção e uma frase despenca: seremos bons amigos né? Elas saltam da minha boca e se lançam impiedosas na sua (nossa) direção. De onde elas surgiram, minhanossasenhora? Você me olha, o homem das palavras poucas, e as toma em suas rédeas. Elas, as suas palavras-cancela permanecem com você. Tento alcançar algumas letras que possam flutuar em minha direção e te encontro silenciado. Você artesão de ditos feito gesto, feito corpo. Eu tão sentimental, de coração saliente. Estamos enlaçados na Linha da Serra. Eu estou apaixonada por você – eu consegui, eu consegui dizer! Como pedra rolando no despenhadeiro, outra frase dispara em seguida: mas, eu tô com vontade é de sair correndo até Canindé...! Repentinamente, tuas mãos caminham até minha boca e vedam a passagem. Teus dedos sustentam a minha confissão em estado bruto: eu estou apaixonada por você. Em seguida, você recolhe a palavra fugitiva e a adverte; “não adianta, vou correndo até aonde você chegar”. Agora, sou eu capaz de seguir em disparada no rumo dessas palavras, recolhendo-as do lugar da minha inexatidão, dos desvarios da eterna menina desastrada. Eu sou perceptiva. As palavras que teclo, agora me olham de soslaio, desconfiadas de mim. Faremos as pazes, no preciso instante em que eu as use para te dizer de mim, de você, para mais nada dizer.
MINHANOSSASENHORA digo eu.
ResponderExcluirque texto LINDO.
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ResponderExcluirE como as palavras nos usam;
ResponderExcluirMinha palavra de comando há alguns tempos (não sei dos limites deste), tem sido persistência. Emprego esta em tudo o que vejo. Até mesmo no ato de beber água;
As palavras não só nos usam, o que acredito que deveria ser o contrário, elas podem fazer-nos calcar um chão novo, deixando um vernáculo outro em erosão. Pode até ser que fiquemos de vez sem nós, contudo a mestra das palavras, o tempo, nos lembra que não se vive em vão, que só se vive uma vez e que muitas glórias, incluindo você, sempre nos acompanham quando não limitamos o uso de nossas vozes, de nossos dizeres e de nosso mais profundo afeto, tudo palavra.
Gratidão: pela poesia verdadeira que transportas.
lindo!
ResponderExcluirPalavras podem ser só palavras. Se for recheadas de sentido concretos, ai sim, terá significados. Até o silêncio fala. Uma palavra dita com o coração tem mais valia que um texto inteiro de palavras nuas de paixão. O contexto dar as palavras beleza, o amor dar as palavras asas que rodopiam em profusões de sentidos. vamos dizê-las, sempre, com amor.
ResponderExcluirBjos com ternura. Adorei sua visita.
Vamos perdoar as palavras usando as palavras, viu.
ResponderExcluir"O perdão existe para aquele que perdoa. Liberta de algo que vai destruí-lo. Que vai acabar com sua alegria e capacidade de amar integral e abertamente".
Bjos com ternura.
O espasmo do tempo; já não é uma hora da tarde, já são duas horas de uma tarde abafada, sem sol. Cá em estado contemplativo leio tuas linhas. Bravo soa ao meu ouvido. Dizeres do que hei de dizer. Bravo, bravo, bravo! E continuo inalterado, contemplando tuas linhas, essas palavras que te usam. Bebo desta fonte saciando a minha sede. Meu sentir é o pêndulo do tempo a dizer - Continue assim. Continue assim. Use e seja usada pelas palavras, pois desta feita nascem essa fonte onde bebo, tu bebes, muitos hão de beber; e teu talento grava teus traços.
ResponderExcluirAbraço,
R.Vinicius
Tudo o que eu tentar escrever aqui não dará conta do que eu senti quando li teu texto. Não adianta, não conseguirei expressar em palavras. Deixo para o sentimento. O que meu sentimento diz, com olhos marejados de emoção, é que esse texto é lindo demais, poético demais, me arrancou de mim e me devolveu diferente. Estou tonta ainda. E sem palavras.
ResponderExcluirOlá, Glória!
ResponderExcluirLindo texto, parabéns!
Quanto ao seu comentário à minha última postagem, sugiro que assista este documentário (87 minutos de duração):
http://video.google.com/videoplay?docid=-4059024493735334793
Dificilmente qualquer dos familiares dos mais de mil mortos palestinos (metade mulheres e crianças), ou mesmo dos poucos (14 apenas) israelenses mortos naquela guerra gritantemente injusta e imoral. Peço a Deus todos os dias que eu consiga enxergar a dor dos outros, e me comover, e chorar com eles, sem que necessariamente eu precise passar pelo mesmo.
Obrigado pela visita, a casa é sua.
Beijos,
Natan (Sr. Anônimo)
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ResponderExcluirAmei o texto lindo.......vamos bolar até chegar em Canindé.....se jogar, brincar, se soltar.....amei
ResponderExcluirAmei o texto........palavras........bolar até Canindé......vamos sim vamos se jogar, viver, amar........
ResponderExcluirbjos
Querida Glória lhe enviei um E-mail, na verdade enviei o mesmo E-mail duas vezes, nos seus dois E-mail-s.
ResponderExcluirAbraço,
P.s- Comecei a ler tuas linhas.
R.Vinicius
É como pedra que vai bruta como pedra, deslizando morro abaixo...
ResponderExcluiré como pluma, que vai leve como pluma, serenando alto...
seja como for, a resposta que o subjetivo sentimento dá é a certeza de estar vivo, é estar distraído pra contemplar.
Glória,
ResponderExcluirfiquei tocada com seu texto e a singeleza do seu blog. Vou andar muito por aqui.
Sua passagem no meu espaço foi especial.
Bjs
Berenice