domingo, 21 de novembro de 2010

Prelúdio de partida


(Paulo Leminski)


Coração não bate
na repetição.


Existe alguém nesse lugar que ainda sinta?


O que ora ouço
é dissonoro com o meu canto


O grito é uma palavra que desespera?


os sinos da Igreja defronte badalam
éhoradeiréhoradeiréhoradeir


Tem quem repare nos famulentos que dormem em volta do lago?

A palavra perdeu a beleza
na cidade que espera

Cada coisa, mesmo sagrada, tem preço?

Pouco importa os muros caiados
se cada um porta a máscara

Você que me escuta abre mão de uma ilusão partida?

Saio vestida de arco-íris
e uma fortaleza de janelas abertas para o mundo

Quando os sinos anunciarem novas horas, mesmo distante, indagarei ao tempo

O amor sobrevive ao esquecimento?

Sobrevive?