domingo, 21 de novembro de 2010
Prelúdio de partida
(Paulo Leminski)
Coração não bate
na repetição.
Existe alguém nesse lugar que ainda sinta?
O que ora ouço
é dissonoro com o meu canto
O grito é uma palavra que desespera?
os sinos da Igreja defronte badalam
éhoradeiréhoradeiréhoradeir
Tem quem repare nos famulentos que dormem em volta do lago?
A palavra perdeu a beleza
na cidade que espera
Cada coisa, mesmo sagrada, tem preço?
Pouco importa os muros caiados
se cada um porta a máscara
Você que me escuta abre mão de uma ilusão partida?
Saio vestida de arco-íris
e uma fortaleza de janelas abertas para o mundo
Quando os sinos anunciarem novas horas, mesmo distante, indagarei ao tempo
O amor sobrevive ao esquecimento?
Sobrevive?
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Glória,
ResponderExcluirquando por amar faltar o ar, a escrita será grito e ao mesmo tempo reserva extra de oxigênio.
Ao escrever as dores se esgotam e as partidas se adiam.
bjos, boa semana,
fica bem!
o que eu posso dizer além de que te entendo? que coisa bonita, linda, uma delicadeza sem fim. um beijo com amor.
ResponderExcluiras palavras, reinvenções, o mundo ao avesso, nosso mundo interior, revirado...
ResponderExcluirbeijos
Glória, querida, estou chegando, ou estou partindo? Meus passos se dirigem ao preâmbulo do seu lindo texto, ou vai está em busca do compasso de um coração? O amor é uma devoção concreta, ou apenas uma relação de namoro com a pessoa amada? Não consigo vislumbrar os tímpanos no alto daquele campanário, porque todos passam com simulacros nas faces e não enxergam senão o que ainda restou de quimera, devaneio.
ResponderExcluirSei que as suas linhas acalentam uma espécie de brisa benfazeja, que me conduz em direção ao belo vulto que parece muito mais forte do que toda a cantaria do entorno.
Muita sensibilidade essa sua... seda pura. Cuidado com peles lixentas e unhas mal cortadas.
ResponderExcluir@carlosemilio
Glória,
ResponderExcluirPorque se o amor sobrevive ao esquecimento, não foi esquecido. Amor escrito, deixado e partido... Amor gravado nos muros da cidade, traços de poesia em meio ao caos.
Adorei te ler.
Beijos!!
O verdadeiro amor sobrevive à tudo, inclusive ao esquecimento... mesmo que ninguém entenda nem possa explicar, porque não há explicação para os sentires...
ResponderExcluirLindo, Glória...
Beijos n'alma!
A força das palavras... grata surpresa este seu blog.
ResponderExcluirbeijos,
rfelipe
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSim, prefiro acreditar que ainda há quem sinta. De quando em vez, tenho felizes surpresas, como sua visita em meu singelo espaço virtual, ou como esse texto cheio de intensidades... Obrigado.
ResponderExcluirAbraço afetuoso
Assim vou
ResponderExcluirem transparentes cores
vestindo de janelas o mundo
Quem não esquece não pensa. Irineu Funes é a prova. Mas quem esquece totalmente não vive. Hiroshima Mon Amour é o teorema exato dessa equação. Mas quando os preços supõe as coisas ao invés das coisas levarem aos preços, algo errado acontece. O que chama nos sinos não é a anunciação de um fim, mas a enunciação de uma mudez compacta que perpassa a vida dos esfarrapados na lama de cada lago de consumo. Há um volitivo pensamento entranhado no coração, sabendo que o esquecimento, base do pensar, mesmo que existente, é impossível em sua totalidade. Mas o que nos fará lembrar? Talvez uma intersecção de Morin com Barthes. Mas sinceramente, acho que apenas uma tragicidade à Hilda Hilst nos tirará do limbo no qual figuramos, reféns da apologia da coisa que personifica o corpo em mero objeto. Bom te reler, Glória. Há tempos não passava por aqui. Beijos.
ResponderExcluirE quem esquece?
ResponderExcluirEm algum lugar algo lembra.
Beijos e boas ventanias
acho que nao resiste nao, Glorinha...
ResponderExcluirMenina, te ler de novo faz bem a alma,sabe o que senti agora lendo teu texto?? de volta a algum lugar, nao sei qual, mas de volta, engracado...
bom te ler de novo :=)
Glória, adentrar no teu recanto novamente traz cheiro de metáforas reacendendo a chama das partículas em voz sentidas.
ResponderExcluirAbraços
Priscila Cáliga
Glória
ResponderExcluirHj meu desejo é somente em agradecer por ter compartilhado seus momentos comigo por mais um ano.
Obrigada e um Feliz Natal e um 2011 regados de sabedoria para obter equilíbrio no regalo da Paz.
Bjs ADiniz