Juan Miró
Chegou fora da hora. Tempo não se mede. Nunca houve uma lição que começasse assim: regras do que esperar. Vez em quando alguém lembrava - os apressados comem crú. Que seja, vale até o vazio da fome.
Rosa marcou às nove. Como havia aprendido, fez questão de destacar: 9:00 PM. Vai ver que ele não entendeu. Ficou sem jeito de perguntar e talvez tenha concluído, 21 horas na praça do mercado. Tem gente pra’ tudo que é coisa.
O cheiro de Charisma, lançamento da Avon, impregnava a sala de visita. Na vitrola, rodava As Curvas da Estrada de Santos. A mulher dançava em torno do calor das pernas. Na mão esquerda, pendia um pequeno copo de Dreher.
Esperar muda a direção do desejo.
A excitação das estradas, na voz de Roberto, traz velocidade à cena. A mulher pretende é o risco arranhando o presente. Rosa pediu por tudo para que ele se perdesse. Que o caminho até ela não fosse uma reta.
Qual o quê, ele bateu na porta milimetricamente na hora marcada. De imediato a mulher pensou, isso pode ser um risco para toda vida.
Rosa tomou-o entre mãos e disse: você confundiu as horas. Ele nunca entendeu. Ficou pensando no P e no M. Seriam as letras o motivo do desacordo? E sempre são.
A língua de um homem e de uma mulher segue em letras paralelas.
sim, esperar muda a direção do desejo... belíssima observação !
ResponderExcluirbeijo
Continuas com uma escrita impecável!
ResponderExcluirAbraço,
Priscila Cáliga
OI, como vai? Cheguei ao seu blog por um toque da Débora Pissarra. E que toque! Escrever é mesmo "desorientar" para outras direções...
ResponderExcluirAbraço!
poxa, que bonito! Gostei demais da sua escrita. Belo blog (:
ResponderExcluir"O cheiro de Charisma, lançamento da Avon, impregnava a sala de visita. Na vitrola, rodava As Curvas da Estrada de Santos. A mulher dançava em torno do calor das pernas. Na mão esquerda, pendia um pequeno copo de Dreher."
ResponderExcluirdormirei com essa imagem, creio.
beijo carinhoso.